terça-feira, 13 de julho de 2010

Ao sol de Lisboa


Lisboa é uma cidade de roupa estendida. Aquecida ao sol pelas suas várias colinas, vemos, como se fosse um prolongamento da janela, lençóis e camisas, vestidos e calções, peúgas e outras intimidades, panos soltos pendurados, de muitas cores, formas e tamanhos.

Dizem que os portugueses são um povo introvertido. Mas parte da sua personalidade e muito dos seus gostos estão expostos ao olhar de todos, como uma janela aberta ao ar e ao sol.
Não sabemos o que pensa, que idade tem ou como se chama o senhor do 3º esquerdo, mas sabemos que gosta de azul, veste XXL e é formal. Não conhecemos os gostos musicais, quem são os amigos ou qual o nome do cão da senhora do 6º andar, mas sabemos que tem muitos filhos, adora riscas e é do Benfica.
Não sabemos que filmes vê, que livros lê ou que exposições de pintura frequenta a menina das águas furtadas, mas sabemos que é friorenta, que prefere o preto e é sensual.

Provavelmente não é uma tipicidade lisboeta. É talvez uma característica típica portuguesa. Mas é nesta cidade e mais particularmente nalguns bairros, que esta “entrega aos outros" se mostra no seu máximo esplendor.

Escondida num canto ou escandalosamente escancarada, numa fachada moderna ou numas traseiras pombalinas, numa larga avenida ou num esconso beco, rente ao chão ou bem no alto, no primeiro ou, lá longe, no último plano, de cores garridas ou pálidas, isolada ou aos molhos, de madrugada ao meio dia ou ao entardecer, com a luz fria do Inverno ou a quente do Verão, a roupa está lá, estendida ao sol.

Foi ao fim de muitos passeios e de inúmeras idas e voltas do trabalho que se consolidou esta ideia de mostrar, talvez em forma de livro, o que todos, que circulam e conhecem esta cidade, já tinham visto;
a roupa estendida...ao sol de Lisboa.

2 comentários:

  1. Isso é muita feiura!

    Coisa de gentinha, gente sem estilo e de muito mau gosto. Planta e flores ou nada, roupas penduradas parece uma rua de baixo meretrício.

    Mônica - Olinda/PE - BR.

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    1. Apetece-me pôr-lhe pimenta na língua.

      Isso não se diz da cultura de um povo limpo e com tradições.

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