quarta-feira, 21 de julho de 2010

Os bons e os maus...


...como nos filmes de cowboys

Mário Soares disse, mais ou menos isto (não tenho aqui a gravação, mas penso que está disponível nos arquivos das TV´s), por altura da reeleição do presidente Bush, no segundo mandato em 2004, com 50,7 % dos votos: “O presidente Bush tem que perceber que ganhou as eleições mas, metade do mundo e da América está contra ele: a boa América, a América dos artistas dos intelectuais, etc…”. Ou seja, Mário Soares divide os votos em bons e maus. Divide as profissões em boas e más.
Ficámos a saber, nesse dia que, pelo menos nos Estados Unidos, os agricultores, operários, comerciantes, desportistas, mineiros, pescadores, polícias, bombeiros, etc, etc, são piores que os músicos, actores, artistas plásticos, escritores, filósofos, cientistas e os mais variados doutores. “Bolas, só deviam contar os votos bons!”. É este o homem das “Amplas Liberdades”, o grande “Combatente pela Democracia”. Quando esta, claro está, lhe é favorável. Assim que a coisa corre mal… a tolerância evapora-se no deserto do Texas.
E é espantoso, que nem um único jornalista, dos muitos que registaram esta “brilhante leitura” feita por um homem de “referência”, tenha tido o discernimento de lhe perguntar “…mas que raio de democracia é essa?” Imaginem, por alguns segundos, esta análise feita por alguém de direita e numa situação eleitoral inversa. Estão a imaginar? É, não é?
E porquê tudo isto agora? Já foi em 2004. É que Mário Soares ainda é o mesmo e anda por aí, quase todos os dias, nas TV´s, nos jornais e nas rádios, como se agregasse toda a “sabedoria do mundo”. E isso cansa e incomoda. A mim, pelo menos.

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